Paralisia facial: conheça mais sobre essa patologia

Diante da recente repercussão acerca do tema, após o cantor Justin Bieber revelar que está com paralisia facial periférica, trataremos mais sobre essa condição neste artigo.

A paralisia facial é a fraqueza dos músculos da face. Ela pode ocorrer devido a lesões centrais, que envolvem o cérebro e o tronco encefálico, ou periféricas (acometimento do nervo facial). Enquanto as paralisias faciais periféricas geralmente envolvem toda a hemiface, as paralisias centrais afetam apenas a metade inferior.

Figura 1: Diferença entre paralisia facial periférica e central.

 

Na paralisia facial periférica, o paciente não consegue franzir a testa, apresenta dificuldade de fechar o olho do lado acometido e há um desvio da boca para o lado normal. Pode haver também alteração da percepção de sabores em metade da língua, assim como uma diminuição do lacrimejamento. Já nas paralisias centrais, geralmente não há comprometimento da capacidade de fechar os olhos ou franzir a testa. O paciente apresenta fraqueza nos músculos da metade inferior da face.

 

Figura 2: Casos de paralisia facial periférica.

 

 

A principal causa da paralisia facial periférica é indeterminada (50% dos casos), também chamada de paralisia de Bell (idiopática). Há associação com gravidez (principalmente 3º trimestre e pós-parto), hipertensão e diabetes. Outras causas menos comuns incluem a reativação do vírus herpes zóster (Ramsay Hunter – que acometeu o cantor Justin Bieber), doença de Lyme, otite média, mastoidite (que acometeu Ayrton Senna), infecção pelo HIV, síndrome de Sjögren, síndrome de Guillain Barré, tumores, entre outras.

O tratamento depende da causa, mas geralmente envolve o uso de corticoides, e requer cuidados com a hidratação e fechamento dos olhos. Para maior eficácia, a medicação deve ser iniciada ainda nas primeiras 72h do início dos sintomas. Eventualmente, antibióticos ou antivirais podem ser associados ao tratamento.

O tempo de recuperação também depende da causa da paralisia, mas de maneira geral tem bom prognóstico. Em 85% dos casos de paralisia de Bell apresentam recuperação total ou quase total em 3 a 6 meses. Alguns fatores que aumentam o risco de complicações são: idade maior que 40 anos, déficit grave no início do quadro, diabetes e hipertensão mal controlada. Portanto, caso apresente algum sintoma de paralisia facial, procure o mais breve possível um neurologista para avaliação e tratamento.

 

Dr. Marcillio Bezerra

Neurologista e Neurofisiologista Clínico

CRMMA 11480

RQE 4368 / 4369

 

Referências Bibliográficas:

  1. Coelho, Penélope. Dificuldade na fala e desafios na carreira: Ayrton Senna lutou contra paralisia facial. 22/02/2021. Disponível em <” https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/dificuldade-na-fala-e-desafios-na-carreira-ayrton-senna-lutou-contra-uma-paralisia-facial.phtml”>.
  1. Madhok VB, Gagyor I, Daly F, et al. Corticosteroids for Bell’s palsy (idiopathic facial paralysis). Cochrane Database Syst Rev 2016; 7:CD001942.

 

  1. Lorch, M., & Teach, S. J. (2010). Facial nerve palsy: etiology and approach to diagnosis and treatment. Pediatric emergency care26(10), 763–773.
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