Você conhece os sintomas da doença de Parkinson?

A doença de Parkinson é uma doença progressiva neurodegenerativa com faixa etária de início acima dos 40 anos. Alguns estudos mostraram uma maior incidência no sexo masculino que no feminino. Entretanto, isso não é consenso. A fisiopatologia (causa da doença) é complexa e envolve interação de genes, predisposição pessoal e ambiente. Dessa forma, inicia-se um processo de acúmulo de proteínas anormais (alfa-sinucleínas) dentro do sistema nervoso e isso acaba provocando a morte de neurônios. Um dos grupos de neurônios mais atingidos são os produtores de dopamina da substância negra (envolvidos no controle de movimento).

Figura 1: Adaptado de Joseph Jankovic, 2020.

 

Os sintomas cardinais da doença de Parkinson são quatro:

Bradicinesia, que significa lentidão de movimento. Geralmente pode se iniciar nas mãos, com diminuição da destreza e dificuldade de realizar movimentos. Nos membros inferiores, pode evidenciar uma lentidão na marcha com passos curtos.

Tremor, principalmente, em repouso. Pode envolver membros superiores (mãos), pernas, pés, boca, mandíbula, mais frequentemente. Geralmente, inicia de maneira assimétrica, posteriormente envolve os dois lados.

– Rigidez, que representa o tônus aumentado do membro.

Instabilidade postural – incapacidade de manter o corpo em equilíbrio, gerando risco de quedas.

Entretanto, a sintomatologia da doença de Parkinson não se restringe aos fenômenos motores, envolvendo também:

– Disfunção do olfato (problemas na percepção de odores);

– Constipação (prisão de ventre);

– Distúrbios do sono (insônia, síndrome das pernas inquietas, transtorno comportamental do sono REM);

-Dor e fadiga;

– Depressão, ansiedade;

– Alucinação visual;

– Dificuldade de deglutir, disfunção urinária e sexual;

– Demência (em fases tardias da doença).

Figura 2: sintomas cardinais doença de Parkinson

 

Hoehn e Yahr classificaram a doença de acordo com a funcionalidade e progressão em 5 estágios:

Estágio 1: Estágio inicial: envolvimento unilateral

Nesse estágio, o paciente apresenta sintomas leves de lentidão, não interferindo de maneira significativa nos hábitos e envolve apenas um lado do corpo.

Estágio 2: envolvimento bilateral

Os sintomas de parkinsonismo (bradicinesia, tremor e/ou rigidez) começam a afetar os dois lados do corpo, interferindo na realização de atividades. Entretanto, a independência ainda é preservada.

Estágio 3: envolvimento bilateral (leve a moderado), presença de instabilidade postural leve a moderada.

Nesse estágio, há ainda a preservação da independência. O problema é que o risco de quedas está maior, devido à instabilidade postural.

Estágio IV: incapacidade grave, ainda permanece em pé sem ajuda.

Já há uma limitação funcional importante do paciente, que pode precisar de andador para se deslocar.

Estágio V: confinado na cama ou cadeira de rodas

Esse é o estágio mais avançado da doença. A pessoa pode apresentar sintomas de demência e alucinações associados. Geralmente, requer cuidados de enfermagem constantemente.

A velocidade de progressão dos sintomas é variável. O estudo CamPaIGN acompanhou 142 pessoas com o diagnóstico de Parkinson e verificou 55% haviam falecido, 68% apresentavam instabilidade postural e 46% demência após 10 anos de doença. Entretanto, em torno de 25% apresentaram boa evolução (sem instabilidade postural ou demência) durante esse período.

O acompanhamento adequado com neurologista, assistência multiprofissional (fisioterapia, psicologia, atividade física) e o controle de comorbidades ajudam a diminuir e retardar sintomas de incapacidade, além de contribuírem para uma melhor qualidade de vida.

1. Gelb DJ, Oliver E, Gilman S. Diagnostic criteria for Parkinson disease. Arch Neurol 1999; 56:33.
2. Jankovic J, Tan EK. Parkinson’s disease: etiopathogenesis and treatment. J Neurol Neurosurg Psychiatry 2020; 91:795.

3. Barone P, Antonini A, Colosimo C, et al. The PRIAMO study: A multicenter assessment of nonmotor symptoms and their impact on quality of life in Parkinson’s disease. Mov Disord 2009; 24:1641.
4. Williams-Gray CH, Mason SL, Evans JR, et al. The CamPaIGN study of Parkinson’s disease: 10-year outlook in an incident population-based cohort. J Neurol Neurosurg Psychiatry 2013; 84:1258.
5. Hoehn MM, Yahr MD. Parkinsonism: onset, progression and mortality. Neurology 1967; 17:427.

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