Vou fazer um eletroencefalograma, o que devo saber?
O eletroencefalograma (EEG) de escalpe é um exame não invasivo (não fura, nem corta a pele) que serve para avaliação de atividade elétrica cerebral (ondas cerebrais). Estas são analisadas pelo médico neurofisiologista e comparada com padrões de acordo com a idade. Através do eletroencefalograma, por exemplo, é possível identificar atividades anormais que podem aumentar o risco de crises epilépticas.
O EEG pode ser indicado nos seguintes contextos: convulsão, desmaios, atraso do desenvolvimento infantil, dificuldade de aprendizagem, alterações do comportamento, avaliação de morte cerebral, investigação de síndromes demenciais, encefalites, diagnóstico diferencial de distúrbios do movimento, eventos psiquiátricos e alterações do sono, entre outros.
Como devo me preparar para realização do exame?
A preparação do exame, de maneira geral, é simples. Não requer jejum.
- Privação de sono (dormir apenas entre 4 e 6 horas de sono na noite anterior ao exame) ajuda o paciente a relaxar e dormir durante o exame, além de tornar mais sensível a presença de anormalidades.
- Lavar o couro cabeludo no dia anterior e/ou no dia do exame com xampu neutro (os cabelos devem estar limpos e secos no momento do exame).
- Não usar condicionadores, cremes ou oleosidades no cabelo, pois tais produtos atrapalham a condução de corrente elétrica cerebral para os eletrodos.
- Não pare suas medicações de uso contínuo.
O que acontece durante o exame?
Inicialmente, o técnico fará algumas perguntas sobre suas condições médicas. Depois, realizará a higiene do couro cabeludo para retirar pequenas oleosidades que possam interferir na qualidade do exame.
Próximo passo será medir e marcar todos os pontos para colocação de eletrodos (em média 22 eletrodos na cabeça) fixados com pasta condutiva. Após tudo montado, o exame será gravado por um período médio de 30 minutos, podendo ter duração de horas a depender da solicitação do médico. São, geralmente, realizadas provas de ativação com hiperventilação (pedindo ao paciente para respirar rapidamente por 3 a 5 minutos) e com estímulo luminoso (onde é colocado um foco de luz piscando a 30 cm do rosto).
Quando orientado, o paciente deverá tentar dormir. O sono agrega mais informações ao médico, sendo um dos períodos de maior detecção de anormalidades em geral. Ao término do exame, o técnico irá retirar os eletrodos e higienizar a cabeça para retirada do excesso de pasta. A pasta não é tóxica e sai facilmente com água e sabão. Recomenda-se que após o término do exame o paciente lave novamente o cabelo para retirada de qualquer resquício que permaneça.
Há contraindicações a realização do exame? Quais efeitos colaterais?
De maneira geral, não há contraindicações absolutas, nem efeitos colaterais importantes. Infecções, feridas e piolho no couro cabeludo podem ser contraindicações relativas à realização do procedimento.
Durante as provas de ativação, podem ocorrer crises epilépticas. Mas isso é raro e a equipe técnica está previamente treinada para ocorrência de qualquer evento.
A hiperventilação não é realizada em pacientes com: pneunomopatia grave, doença de moya-moya, anemia falciforme, acidente vascular cerebral nos últimos 12 meses e infarto cardíaco agudo recente. Nessas situações, podem ocorrer tontura, formigamentos e confusão mental. Entretanto, o exame ainda pode ser realizado normalmente, sem a hiperventilação.
Nos casos de pacientes que fizerem uso de medicação indutora do sono é esperado que ocorra um grau de sonolência leve durante todo o dia. Há o risco de efeitos colaterais relacionados a cada medicação específica.
Conhecer e seguir as orientações fornecidas aumentam a chance de um exame de qualidade e com mais informações para seu médico.
Referências:
1.American Clinical Neurophysiology Society. Guideline 1. Minimum technical requirements for performing clinical electroencephalography. Journal of Clinical Neurophysiology. 2006;23:86-91.
2. American Clinical Neurophysiology Society. Guideline 5: Guidelines for standard electrode position nomenclature. Journal of Clinical Neurophysiology. 2006;23: 107-10.
3. Sociedade Brasileira de Neurofisiologia Clínica. Nota técnica: Recomendações para realização do EEG de rotina. Acesso: htttp://itarget.com.br/newclients/sbnc.org.br/arquivos/recomendacoes-eeg-rotina.pdf
4. Montenegro,M. A.; Cendes, F.; Guerreiro, M. M.; Guerreiro, C.A. EEG na prática clínica, 3 ed, Ed. Thieme Revinter, 2018.